Ednaldo Rodrigues sequer completou uma semana desde que voltou à presidência da CBF por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira (4), mas parece muito mais. De imediato, o presidente demitiu Fernando Diniz e contratou Dorival Júnior para comandar a seleção brasileira. A partir daí, os dias foram de reuniões sem fim. Encontros em que o mandatário reforçou seu poder, apaziguou o ambiente político da entidade e ainda trabalha para efetivar algumas mudanças na gestão.
Nestes poucos dias de retomada, o presidente só não conseguiu resolver uma questão que é essencial para a estrutura da Seleção a partir de agora: o cargo de coordenador técnico. E não foi por falta de tentativa. A CBF queria Filipe Luis para assumir o posto, mas o ex-lateral aposentado do Flamengo ao final de 2023 recusou o convite. O seu plano é seguir os passos de Diego Simeone, comandante do Atlético de Madrid, e virar treinador.
Agora, Ednaldo passa a olhar para outros nomes que possam assumir o cargo o mais breve possível. Esta posição no organograma da Seleção está vazia desde a saída de Juninho Paulista após a Copa do Mundo de 2022. Ricardo Gomes ocupou o posto de forma interina antes de Fernando Diniz ser contratado, na metade do ano passado.
O plano de contratar um coordenador mostra que o presidente está disposto a descentralizar o poder sobre a Seleção. Os relatos ouvidos pela Trivela durante a passagem de Fernando Diniz eram de que Ednaldo “decidia tudo sozinho” na entidade. Até mesmo os vice-presidentes eleitos junto com ele ficavam à parte na hora das tomadas de decisões. Isso se refletia diretamente no ambiente da seleção brasileira e de seu ex-treinador. Em muitos casos, o mandatário evitava até compartilha opiniões e percepções sobre algumas questões.
Essa lacuna no poder recaiu sobre Diniz. Sem esta figura para fazer o elo entre decisões e posições institucionais e a seleção brasileira, coube ao treinador ser o gestor das crises recentes, além de uma espécie de porta-voz da entidade. Foi assim no episódio do corte de Antony, por exemplo.
A estruturação da de gestão na Seleção, inclusive, foi uma das exigências de Dorival para aceitar a proposta da CBF. Em meio à crise política e a um cenário que era então de incertezas, o treinador pediu que tive organização interna e estabilidade para trabalhar. Um coordenador para resolver as questões institucionais confere ao treinador a tranquilidade necessária para focar apenas no campo.
Ednaldo age para apaziguar ambiente político
Enquanto busca um novo coordenador técnico para a Seleção, Ednaldo Rodrigues fez uma série de reuniões para consolidar o seu retorno ao cargo. A primeira delas foi com representantes da Fifa e da Conmebol, na última segunda-feira (8). As duas entidades agendaram uma visita à CBF desde que o presidente havia sido deposto.
Ednaldo Rodrigues recebeu o diretor de assuntos jurídicos da Fifa, Emílio Garcia, e o gerente jurídico da Conmebol, Rodrigo Aguirre. Eles vieram ao Brasil para conferir justamente se a CBF estava operando de forma independente e também para avaliar a situação política. E chancelaram o mandato do presidente para restaurar a “normalidade” na entidade.
Depois disso, o mandatário se reuniu com todos os presidentes das federações estaduais para “lavar a roupa suja”. No encontro que durou mais de quatro horas, Ednaldo conseguiu pacificar o ambiente e prometeu mais diálogo com os representantes dos estados. Foi um movimento para encerrar as articulações que se formavam para eleições que caíram com o retorno do presidente.
Em um último ato, nesta terça-feira (9), Ednaldo se reuniu com os presidentes dos 40 clubes das Séries A e B. Em uma reunião bem mais curta do que a anterior, os representantes falaram sobre o calendário do futebol brasileiro e uma possível formação de uma liga dos clubes, unificada com a CBF.
– Falamos do futuro do futebol brasileiro, das melhorias das competições, ouvindo mais os clubes, com todos participando mais ativamente de todos os detalhes. Ouvimos todos de forma independente para que possamos já nas reuniões dos Conselhos Técnicos de cada competição colocar todas as sugestões passadas e acatá-las dentro de uma realidade possível, desde que amparada pelas leis. A nossa pretensão é construir um futebol brasileiro cada vez mais forte e com a participação direta dos clubes – afirmou Ednaldo na saída da reunião.
Esta nova era da Seleção – e da CBF – tem um importante capítulo nesta quarta-feira (10). O técnico Dorival Júnior será apresentado oficialmente como técnico da seleção brasileira em evento na sede da CBF, no Rio de Janeiro.
Foto Destaque: Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF. (Foto: Reprodução/Internet)
Créditos: Trivela.