Primeiro diretor remunerado da história do Náutico, Rodolpho Moreira afirma: “tenho ciência da responsabilidade que carrego”

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Matheus Cunha/CNC – O Náutico terá em 2023, pela primeira vez em sua história, um diretor de futebol remunerado. O pioneiro na área é Rodolpho Moreira Neto, de 26 anos, e que irá compor o departamento ao lado do também diretor Leo Portela e do executivo de futebol Nei Pandolfo. Todos estarão à frente do planejamento do futebol alvirrubro para o ano que vem.

Comunicativo, Rodolpho espera agregar conhecimento e desenvolver processos no dia a dia do Timbu, com o objetivo de profissionalizar e integrar os departamentos alvirrubros. Mesmo com a pouca idade, o diretor possui experiência nas áreas acadêmica e prática do futebol. Ele acumula formação em institutos conceituados no Brasil, como o Footure Lab, Universidade do Futebol, CONAFUT, THE360 e ProScout, além do curso de Análise de Desempenho promovido pela CBF Academy, braço acadêmico da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e principal referência do ensino da modalidade no país.

Em entrevista ao site oficial do Náutico, Rodolpho Moreira falou da sua história com o Timbu, metodologia de trabalho, conceitos e objetivos. Esta é a primeira de uma série de entrevistas com membros do departamento de futebol alvirrubro. Os próximos entrevistados serão o também diretor Leo Portela, o executivo Nei Pandolfo e o técnico Dado Cavalcanti.

Rodolpho e o Náutico

Eu sou um cara de arquibancada. Minha família é toda torcedora do Náutico. Meu avô foi ex-diretor e meu pai é sócio emérito e jogou basquete no clube. Eu era um menino que respirava futebol. Gostava de olhar além do jogo, sempre buscando quem os times contratavam. Sempre tive essa aspiração.

Legião Alvirrubra

Em 2012 eu criei um blog: o Legião Alvirrubra. Isso foi muito bom porque tinha uma audiência qualificada, vários conselheiros e torcedores liam o que eu escrevia. Eu era estudante de ensino médio. Até que um dia recebi um convite para falar no Conselho Deliberativo. De lá pra cá tiveram pelo menos três situações de quase vir para o clube, mas não acreditava muito no modelo proposto e acabei seguindo por outros mercados.

Início no Futebol

Fazia algumas coisas como hobby mesmo, até decidir que queria trabalhar com futebol. Ser analista seria uma boa porta de entrada. Decidi procurar um nicho e vi que não tinham muitas pesquisas no futebol. Foi quando coletei, na mão, todas as fichas técnicas de equipes da Série A do Campeonato Brasileiro entre 2006 e 2018. Fiz isso para entender como o uso de atletas influenciava no desempenho dos times. Fui atrás desses dados e encontrei algumas vantagens de equipes e documentei um estudo.

Palmeiras

Depois da publicação desse estudo fui convidado para ir ao Palmeiras conhecer a estrutura deles, através de Cícero Souza, que é gerente por lá desde 2014. Conheci também a estrutura de equipes menores como Portuguesa e Juventus da Mooca. Quando cheguei no Palmeiras conheci tudo.

Convite do América-RN

Após essa visita ao Palmeiras foi quando veio o convite do América-RN. Topei por dois motivos: calendário cheio e porque não havia ninguém no departamento de análise de desempenho. Dos três treinadores que eu tive, dois foram ex-jogadores. Tive voz ativa e participei ativamente do processo de contratação. Eu saí ao final da Série D de 2020, que acabou no começo de 2021. Pude colocar em prática muito daquilo que eu já tinha estudado.

Rodolpho, Leo e Nei

Nei é um cara que está no futebol a vida toda. É ex-jogador, foi auxiliar técnico e está como executivo há anos. Já Leo (Portela) é um cara da base. Eu venho de fora (do dia a dia do Náutico). Acho isso espetacular. Temos uma composição que irá se somar. Eu sou um cara que sempre olhou muito para o mercado. O mercado do futebol é absolutamente irracional, porque estamos em uma indústria onde não visa o lucro na maioria das vezes. Quem olha para o mercado racionalmente consegue ter uma vantagem competitiva gritante. A ideia é aproveitar isso, somado ao fato da gente ter um celeiro de base muito forte, uma vitrine que existe. Eu acho que o meu perfil complementa isso.

Foto: Matheus Cunha / CNC

Mapeamento de Risco

O que faltou nessa temporada e nas outras foi um mapeamento de risco. Na minha visão, um dos defeitos que tivemos é que a contratação era feita para incrementar o time, mas ela era limitada ao atleta chegar aqui. A gente quer, tanto com os atletas que vão chegar quanto com os que iremos manter, potencializá-los no dia a dia com a análise de desempenho e a interpretação psicológica e cultural de cada um. Fazer com que o atleta conheça a torcida do Náutico saiba como ela cobra. A gente sabe que haverá uma pressão grande em alguns setores. Queremos reduzir ao máximo a chance de dar errado. Temos que ter um contexto considerando diversas matrizes: tática, técnica, física, psicológica e cultural.

Diagnóstico Interno

O que me deixa mais otimista é que existe um diagnóstico feito pelas pessoas aqui dentro. Eu vindo de fora só tenho impressões, algumas se confirmam e outras não. É um diagnóstico que parte de baixo para cima em todos os setores e que já vem acompanhado de soluções. O nosso desafio é fazer com que elas se integrem entre os departamentos. Não adianta termos uma solução que funcione para a fisiologia e não para a análise de desempenho, por exemplo. Cada setor tem o entendimento do que foi falho. O que queremos fazer é empoderar o departamento de futebol.

Responsabilidade

Por ser um time que acompanho desde que me entendo por gente, eu sei o tamanho da responsabilidade. Sei da quantidade de gente que gostaria de estar aqui. Tenho ciência da responsabilidade que carrego. Hoje eu vivo para o Náutico. É a única coisa que eu faço da vida. Eu chego pela manhã e saio no final do dia, sempre levando um pouco de trabalho também pra casa.

Pré-temporada

A nossa pré-temporada será feita com um direcionamento para ser algo educativo para o restante do ano. Buscaremos uma base de trabalho que se permeie, com ajustes, mas que siga até o final do ano. Isso vale para staff e atletas. A nossa base de trabalho será a mesma do primeiro até o último dia. Teremos um tempo maior de trabalho e precisamos dosar isso. Buscaremos cenários competitivos durante a pré-temporada para que possamos avaliar o elenco.

Centro de Inteligência do Náutico (CIN)

O CIN tem um coordenador e ele é o responsável por todo direcionamento de trabalho. Isso é feito em comunicação com o treinador. Dado é muito estudioso e ele usa a análise há mais de 10 anos. É um profissional com o perfil integrativo com o CIN. O meu diálogo com o CIN é para garantir que os processos gerados tenham uma adequação às necessidades que o clube tem. O CIN agora terá empoderamento para atuar em frentes onde ele só trabalhava sob demanda. Queremos traçar objetivos a longo prazo.

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