Nesta quinta-feira (13), o site The Athletic, que é o suplemento de esportes do jornal The New York Times, publicou reportagem sobre Lucas Paquetá e revelou bastidores das investigações em cima do brasileiro do West Ham por suposto envolvimento com apostas ilegais na Premier League.
O meio-campista vem sendo investigado há vários meses pela FA (Associação de Futebol da Inglaterra) por supostamente ter forçado cartões amarelos em quatro partidas do Campeonato Inglês – a acusação formal foi feita em 23 de maio. O jogador garante que é inocente e agora aguarda o veredicto da instituição sobre o tema.
De acordo com o veículo, o clima nos bastidores dos Hammers é pesado, com temor de que a punição ao atleta da seleção brasileira possa ser bastante severa.
“Se for considerado culpado, Paquetá pode ser banido do futebol pelo resto da vida. Esse temor é compartilhado internamente por várias figuras da alta cúpula da diretoria do West Ham”, escreveu o The Athletic.
O jornal também revelou qual foi a reação do atleta ao saber que estava sendo investigado pela FA.
Segundo a publicação, Lucas ficou bastante emocionado, mas ganhou o apoio de vários colegas de equipe, em especial do volante mexicano Edson Álvarez, que prometeu “proteger” Paquetá em campo.
“Quanto a notícia da investigação se tornou pública, em agosto do ano passado, os jogadores do West Ham tiveram uma reunião com o então técnico David Moyes e todo o estafe do clube. Paquetá chorou bastante durante o encontro. Ele disse aos companheiros de equipe que era inocente e que se sentia como um ‘bode expiatório’ da FA”, reportou o The Athletic.
“Em seguida, o volante Edson Álvarez, que havia sido contratado há pouco, levantou a voz, dizendo a Paquetá que protegeria o colega em campo se qualquer atleta tentasse fazer dele um alvo”, seguiu.
“Na vitória por 5 a 0 do West Ham sobre o Freiburg, pela Europa League, em 16 de março, Paquetá correu em direção a Álvarez e abraçou o mexicano após fazer o 1º gol da partida, mostrando seu apreço pelo colega”, complementou.
Ainda de acordo com a reportagem, a investigação derrubou a confiança de Paquetá, que até então era o grande destaque dos Hammers.
O jornal aponta que os companheiros tentaram fazer o amigo se distanciar do tema, mas a missão não foi fácil.
“Durante a temporada, os jogadores do West Ham monitoraram Paquetá constantemente, já que, inicialmente, ele ficou com a confiança derrubada. Um de seus amigos mais próximos, o lateral-esquerdo Emerson Palmieri, tentou de todas as formas organizar uma saída noturna para melhorar o ânimgo de Lucas, mas isso nunca aconteceu, já que o meia disse que não queria chamar a atenção”, relatou.
“Na sequência, Paquetá foi entrevistado pela FA, em setembro do ano passado, e cedeu a eles acesso total ao seu telefone celular no mês seguinte. Posteriormente, Paquetá comprou um novo celular”, acrescentou.
O veículo ainda diz que cerca de 60 apostas estão sendo investigadas, todas relacionadas ao fato de Paquetá levar cartões amarelos em partidas da Premier League. As bets variaram bastante nos valores, indo de 7 libras (R$ 48) a 400 libras (R$ 2.743).
As investigações traçaram as raízes das apostas e apontaram que todas foram feitas na Ilha de Paquetá, no interior nordeste da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, aonde o brasileiro cresceu – é justamente essa a origem de seu apelido. Nenhuma delas foi feita pelo próprio jogador, segundo o jornal.
Curiosamente, muitas das apostas foram feita no site Betway, que patrocina o West Ham, mas não é tão conhecido no Brasil e sequer possui representação oficial no país, ao contrário de outras casas internacionais.
O caso foi monitorado pela Ibia (International Betting Integrity Association, ou Associação Internacional de Integridade de Apostas), que notificou a Fifa e depois a FA, dando início à investigação contra Paquetá.
De acordo com uma fonte anônima da Ibia ouvida pelo The Athletic, a situação é considerada grave nos bastidores.
“Se for considerado culpado, Paquetá não deve ser autorizado a atuar mais como atleta profissional, principalmente quando se compara seu caso ao de outros que foram analisados no passado”, finalizou o site.
Vale lembrar que, enquanto o resultado da investigação não sai, Lucas está no elenco da seleção brasileira que vai disputar a Copa América 2024, nos Estados Unidos. Não há prazo certo para o veredicto sobre o tema sair.
Foto Destaque: Lucas Paquetá (dir) abraça Kudus durante jogo entre West Ham e Freiburg Rob Newell/CameraSport via Getty Images
Créditos: ESPN.