Vencedor do Prêmio Puskás de 2015, Wendell Lira fala sobre depressão e saúde mental

Anderson Silva

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Na última segunda-feira (01), Wendell Lira, conhecido por ter ganho o Prêmio Puskás em 2015 quando defendia a equipe do Goianésia no Campeonato Goiano, deu uma grande entrevista ao programa MunDu Meneses, onde aproveitou para falar sobre alguns temas mais pesados e polêmicos. Na oportunidade, Wendell Lira falou bastante sobre depressão, explicando que viveu momentos difíceis antes de conquistar o Prêmio Puskás. Recentemente, muitos atletas e ex atletas estão falando mais abertamente sobre saúde mental.

Wendel Lira ganhou o prêmio Puskás de 2015. (Foto: Reprodução/Internet)

No ano de 2015, Wendell Lira ganhou bastante destaque mundo afora após ter sido um dos 10 finalistas na disputa do Prêmio Puskás daquele ano, algo realmente marcante. Querendo que um brasileiro conquistasse a premiação, os torcedores de todos os times do Brasil se juntaram para ajudar o craque a levar o prêmio para casa. Na cerimônia de 2016, Wendell Lira recebeu o prêmio pelo gol mais bonito do ano.

Wendel Lira ganhou o prêmio Puskás de 2015. (Foto: Reprodução/Internet)

Contudo, nem tudo são flores. Na entrevista concedida no começo da semana, Wendell Lira explicou que viveu momentos bem complicados antes de ter ganho o Prêmio Puskás. Segundo informou o próprio, ele passou por uma grande depressão. Abaixo você poderá acompanhar toda a fala de grande impacto de Wendel sobre este tema:

“Eu venho de uma situação difícil, era muito pobre. De repente comecei a ganhar muito dinheiro, comprei carro, apartamento… E teve um momento na minha vida que foi muito difícil quando saí do Goiás e fui morar com meu sogro. Olha que loucura: morei 8 meses de favor com meu sogro, que morava de favor com o sogro dele. Em uma casa de dois quartas, moravam umas 15 pessoas, dormia todo mundo no chão.

Me trataram bem demais, me acolheram. Mas naquele momento eu não me enxergava mais como pessoa. Eu olhava para mim e falava: ‘cara, não consigo ajudar, tem 6 meses que não tenho um real no bolso, tudo que eu toco dá errado, tudo que eu faço dá errado’. Eu via a vida de todo mundo prosperar, mas aonde eu tocava, eu atrapalhava. Eu achava que não fazia mais parte daquele plano ali.

Aí um cara me ligou para jogar terrão em Goianésia, no amador. Eu já tinha feito gol na Copa do Brasil, no Brasileiro e estava recebendo convite para jogar por 150 reais. E eu não tinha um real no bolso. Falei que topava. Mas quando falei, minha mãe buzinou na porta de casa. E ela falou que Deus tinha tocado no coração do meu irmão e ele tinha me dado 50 reais. E aquilo ali acabou comigo. Porque eu ajudei minha mãe, dei apartamento, moto… Sempre tentei cuidar da minha família. E naquele momento me senti muito mal. Não é que meu ego foi grande, mas era um vazio tão grande, um sentimento de tristeza tão grande…

Eu tinha um Peugeot com 10 parcelas atrasadas, o banco estava ligando para tomar o carro. Pensei que ia pegar aqueles 50 reais, botar gasolina, dar 100 reais para minha esposa e me jogar debaixo de uma carreta. Eu queria acabar com isso porque minha família não merecia esse peso todo que eu estava trazendo. De madrugada eu beijei minha esposa e ela percebeu, falou que eu estava diferente. Aí eu fiz a viagem a 200km por hora para Goiânia, chorando o tempo inteiro. Mas não consegui entrar debaixo de uma carreta. Chorava, chorava, chorava.

Quando eu estava chegando em Goiânia, minha mãe me ligou e falou que minha tia sonhou que eu estava entrando embaixo de uma carreta. Eu comecei a chorar. Minha mãe foi atrás de mim chorando e falou que Deus queria falar comigo. Deus me falou: ‘te deixei passar pelo Vale, pelo fundo do poço, você foi muito humilhado, as pessoas zombaram muito de você. Mas agora eu vou te pegar pelas pontas dos dedos, vou te levantar e te colocar entre os grandes dessa terra para você engrandecer o nome de Deus’.

E daquele dia para frente, minha vida transformou. Hoje minha família vem me visitar aqui em São Paulo. Eu poderia ter perdido o bem mais valioso da minha vida, a minha esposa, o meu filho e as pessoas que me amam. Se hoje eu estou em pé, se estou vivo, é por causa das pessoas que não me conheciam e votaram, fizeram a diferença. Minha família inteira é muito grata a todos que me ajudaram”

Foto Destaque: Wendel Lira ganhou o prêmio Puskás de 2015. (Foto: Reprodução/Internet)

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