Renato Gaúcho e a humanização do jogador de futebol

Anderson Silva

Anderson Silva

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Recentemente, o meia Luan, do Corinthians, sofreu um duro caso de agressão por parte de membros de uma organizada do clube. Na ocasião, alguns pseudo torcedores foram até o motel onde o jogador estava e o retiraram para fora com socos e ameaças. A insatisfação se deu por conta do atleta não estar jogando  a camisa da equipe. No entanto, não é por isso que esses tipos de atos devam acontecer no futebol brasileiro. Caso não haja uma atenção maior dos clubes, um caso bem mais grave pode vir a acontecer num futuro próximo.

Contudo, além de criticar essa agressividade que algumas pessoas se acham no direito de ter sob os jogadores do seu time, eu gostaria de comentar sobre o fator psicológico que vem assombrando muitos atletas. Não me entenda mal, jogadores vem sofrendo e decaindo na carreira por falta de apoio psicológico já fazem anos – você mesmo deve se lembrar de algum. Contudo, o caso do Luan é importante para trazer à tona, de forma mais evidente, esse tipo de problema.

Em entrevista coletiva, o técnico Renato Gaúcho, do Grêmio, que foi o mentor de Luan em seus melhores momentos da carreira, quando o meia foi considerado o melhor jogador da América e o destaque da equipe gaúcha na conquista de uma libertadores, falou um pouco sobre essa situação, dando uma visão bem interessante sobre o caso.

Luan com a camisa do Corinthians. ( Foto: Reprodução/ Internet)

 “Comigo ele fazia algumas coisas que faz em São Paulo. Mas era o primeiro a chegar no treino, o último a ir embora, e rendia dentro do campo. O treinador, em primeiro lugar, tem que entender de futebol. E do lado, tem que ser um gestor. E muitas vezes psicólogo, pai do jogador, amigo, tem que oferecer o ombro e fazer carinho no jogador. O que é feito ou não no Corinthians não é problema meu. Comigo, o Luan rendeu e rendeu muito”.

Isso traz ao debate o que eu gosto de chamar de o “fator Ted Lasso” (personagem fictício da série da Apple TV), no qual o técnico ou profissionais do clube devem ter um maior tato com seus jogadores. Isso não significa existir uma “passada de pano”, mas, sim, buscar um meio de compreender tudo o que está acontecendo na vida do atleta. O jogador é bem mais do que uma simples peça num jogo de tabuleiro enorme. O jogador é uma pessoa, é um filho de alguém, um pai de algum, um marido de alguém e é uma pessoa que sofre e tem seus dilemas diários.

Assim como Luan, inúmeros outros atletas enfrentaram problemas que os fizeram decair na carreira. A falta de um amparo psicológico é algo que precisa ser melhor observado dentro dos clubes.

Técnico Renato Gaúcho. ( Foto: Reprodução/ Internet)

Diferentemente do personagem Ted Lasso, o técnico Renato Gaúcho é um grande conhecedor do futebol – apesar de eu discordar de algumas coisas. Assim como personagem fictício, Renato possui um jeitão de pai, que consegue conquistar os seus atletas e recuperar alguns deles de forma impecável. Naquela sua campanha incrível na Libertadores com o Grêmio, o comandante recuperou vários nomes que estavam em baixa.

É óbvio que o Luan é o grande culpado por muitas coisas que vem acontecendo em sua carreira, principalmente pelo seu baixo rendimento com a camisa do Corinthians. Contudo, é notório que algo além do que podemos observar está acontecendo. Não é possível que um jogador que foi considerado o Rei da América e cotado na Seleção Brasileira tenha decaído do nada. Algo ocorreu, e o Luan precisa de um acompanhamento sério.

Renato Gaúcho, técnico do Grêmio. ( Foto: Reprodução/ Internet)

Não sei se Renato Gaúcho seria o nome para recuperar o atleta, se o Grêmio poderia ajudá-lo. Contudo, o torcedor e os clubes deveriam, pelo menos, procurar enxergar o atleta como algo além de uma peça do jogo de xadrez. Em nossas vidas, podemos nos deparar com vários Luans. Antes de criticar, precisamos entender o que estava havendo com o ser humano.

Foto Destaque: Renato Gaúcho fala sobre Luan. ( Foto: Reprodução/ Internet)

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