Mesmo após ter encerrado o seu compromisso como jogador do Santa Cruz, Sandro Barbosa permaneceu envolvido com o dia a dia do clube, mas através da diretoria e da comissão técnica do Tricolor. Foi assim que conseguiu estar entre os envolvidos pela compra do terreno que hoje recebe o Centro de Treinamento Ninho das Cobras. E também por meio do convívio dentro do Santa, teve algumas previsões que hoje se concretizam com a fase delicada em que o futebol coral se encontra.
Com a experiência dos seus atuais 48 anos, Sandro Barbosa afirmou ter ido na contramão do pensamento comum, nutrindo uma incerteza sobre o futuro do clube, já que conhecia o trabalho da nova gestão, a quem atribui apenas “vaidade” no mundo do futebol.
“O momento que o Santa Cruz vive na Série C, é um momento que ninguém esperava, na verdade. Mas eu, como conheço os bastidores do Santa Cruz e conheço também as pessoas que estão hoje à frente do clube, eu falei que tinha medo do futuro do Santa Cruz. As pessoas que estão lá não têm conhecimento de futebol; trabalharam na gestão de Antônio Luiz Neto e a gente percebeu que não tinham conhecimento de futebol, mas que estavam ali por estar. Para ficar famoso e coisa desse tipo aí… a vaidade de dizer que é dirigente de futebol de um grande clube como o Santa Cruz, mas existe uma distância muito grande entre ter vaidade no futebol e conhecer de futebol”, disse.
E revelando nomes de pessoas que trabalharam junto a ele nas gestões passadas, a exemplo do ex-presidente Constantino Júnior, Sandro relembrou situações difíceis de trabalho. O ex-atleta também classificou a demissão do treinador Marcelo Martelotte como o “grande erro” dos gestores que estão à frente do Santa Cruz atualmente.
“A gente que tava lá, eu, Ataíde, Zé Teodoro, Antônio Luiz Neto, o Jomar Rocha, Tininho… a gente teve que tomar rédeas no clube, e às vezes era mal interpretado por isso, mas percebemos que se deixasse nas mãos deles, as coisas não iriam funcionar, como não estão funcionando agora. Eu já esperava, vou ser bem sincero. Infelizmente é isso. Um momento muito delicado e difícil, e que, na minha opinião, não escapa, porque não tem elenco com essa capacidade. Mas a culpa não é do elenco, é de quem contratou. Já é o quarto ou o quinto treinador que passa no ano, onde o grande erro foi tirar o Marcelo Martelotte. Tinha que ter deixado ele trabalhar. Marcelo já conhecia o elenco e sabia das necessidades do clube. E aí tá o grande erro dessa gestão”, afirmou.
Próximo desafio
Apesar de ter dito anteriormente que não acreditava na permanência do Santa Cruz na Série C do Campeonato Brasileiro e ter apontado o rebaixamento como um percurso inevitável para a Cobra Coral, Sandro Barbosa classificou o próximo compromisso do clube como um “divisor de águas”.
“O jogo deste sábado é muito importante para o Santa Cruz, muito mesmo. É um divisor de águas, e se perder, acabou. E se empatar também. Tem que ganhar o jogo”, apontou.
O próximo adversário do Santa Cruz agora é o Ferroviário, que chegará ao estádio do Arruda, no Recife, para a partida que inicia às 18h deste domingo.
Ninho das Cobras
Ele revelou ainda que esteve à frente da “comissão” que possibilitou a compra do terreno que hoje é o Centro de Treinamento do clube. De acordo com ele, o montante investido no espaço foi o mesmo da venda do atacante Gilberto, que à época trocou o Santa Cruz pelo Internacional.
Essa atitude, para Sandro Barbosa, foi decisiva, e evitou que mais uma parte dos cofres do clube ficasse bloqueada para pagamentos de dívidas.
“Nós estávamos à frente do clube, junto com Zé Teodoro, Antônio Luiz Neto, Ataíde, Jomar, João Caixero, Tininho e Rodolfo Aguiar. Tanto eu quanto Zé Teodoro e Ataíde, nós, não é que mandamos no presidente, mas exigimos dele que com o dinheiro da venda de Gilberto, que estava sendo vendido ao Internacional, fosse direcionado à compra do terreno do CT. A gente ficou pegando no pé dele, porque se botasse no clube, com uma dívida ou outra, o dinheiro acaba sumindo e você não fez nada”, afirmou Sandro Barbosa.